Houve, uma vez, um rei muito rico, que tinha três filhas; todos os dias elas iam passear no jardim do castelo. O rei gostava, imensamente, de árvores raras e entre elas possuia uma macieira pela qual tinha predileção. Tanto gostava dela que ninguém podia tocá-la e, se alguém ousasse comer uma de suas maçãs, ele rogava- lhe praga para que afundasse pela terra a dentro.
Quando chegou o outono, as maçãs amadureceram, ficando vermelhas como sangue. As três jovens iam, diariamente, debaixo da macieira com a esperança de que o vento tivesse derrubado alguma maçã; mas em vão, nunca encontravam nada, embora estivesse tão carregada que os galhos pendiam até ao chão.
A mais moça das três vivia de água na boca e um dia, não resistindo mais, disse às irmãs:
- Nosso pai nos ama demasiado para que sua praga recaia sobre nós; acho que só o fará com os estranhos.
Assim dizendo, a jovem colheu uma esplêndida maçã e, dirigindo-se às irmãs, disse-lhes:
- Ah, queridas irmãzinhas, provem um bocadinho! Em toda minha vida jamais comi uma fruta tão gostosa.
As outras, também gulosas, deram uma dentada na maçã e, imediatamente, as três afundaram pela terra a dentro, desaparecendo para tão longe, onde já não se ouvia o galo cantar, e ninguém ficou sabendo.
Ao meio-dia, o rei chamou-as para almoçar. Procurou-as por toda parte e não as encontrou. Muito aborrecido com o desaparecimento delas, mandou anunciar por todo o reino que, quem encontrasse as três princesas, receberia uma delas por esposa.
Foi um alvoroço geral; muitos jovens partiram de seus lares, fazendo o impossível para encontrá-las, pois as princesas eram muito queridas pelos seus dotes de bondade, gentileza e beleza. Entre os candidatos, arrolaram- se também três caçadores e, após oito dias de busca incessante, foram dar a um enorme castelo no qual havia salões maravilhosos; num desses salões, viram uma suntuosa mesa, posta, coberta de iguarias doces, tão quentes que ainda fumegavam; mas em todo o castelo, nada se ouvia, nem se via alma viva.
Aguardaram ainda meio-dia e as iguarias continuavam sempre quentes e fumegantes; por fim, apertando a fome, resolveram sentar-se à mesa e comer. Depois, decidiram permanecer no castelo e tirar a sorte para que um ficasse de plantão enquanto os outros iriam à procura das princesas. Assim fizeram e, por sorte, coube ao mais velho ficar de plantão.
Logo no dia imediato, os dois mais moços sairam à procura das princesas, enquanto o mais velho ficava em casa. Quando deu meio-dia, ele viu chegar um gnomo, o qual lhe pediu um bocadinho de pão; o caçador pegou e cortou uma grande fatia de pão, estendendo-a ao gnomo, que a deixou cair no chão; o gnomo pediu-lhe, por favor, que a apanhasse. O caçador obedeceu e abaixou-se para pegar a fatia, nisso o gnomo agarrou-o pelos cabelos e encheu-o de bordoadas.
No dia seguinte, foi a vez do segundo caçador ficar em casa e não teve melhor sorte, Ao anoitecer, quando os outros regressaram, o mais velho perguntou:
- Que tal? Como andaram as coisas?
- Oh, da pior maneira possível; - respondeu o outro.
Um confiou ao outro suas provações, mas nada disseram ao mais moço. Não o suportavam e tratavam-no sempre de João-Bobo, justamente porque era muito simples.
No terceiro dia, ficou João-Bobo em casa e os outros foram-se. Ao meio-dia, chegou o gnomo e pediu-lhe um pedaço de pão. O rapaz deu-lhe o pão e o gnomo deixou-o cair, pedindo-lhe que o apanhasse; então João-Bobo respondeu.
- Como assim! Não podes apanhá-lo tu mesmo? Se não queres ter trabalho para ganhar teu pão cotidiano, também não mereces comê-lo.
O gnomo ficou furioso e exigiu que ele o apanhasse; mas o moço, sem perder tempo, agarrou o gnomo e surrou-o valentemente. O gnomo gritava como um possesso:
- Chega, chega! Larga-me; eu to contarei onde estão as princesas.
Ouvindo isso, o moço largou-o e o gnomo contou-lhe que havia mais de mil gnomos por aí e que moravam debaixo da terra. Disse-lhe que o seguisse e ele lhe mostraria aonde estavam as princesas. Mostrou-lhe um poço muito fundo mas sem água dentro. Sabia, continuou o gnomo, que seus irmãos não eram sinceros e não tinham boas intenções para com ele; portanto, se quisesse libertar as princesas tinha que agir sozinho. Os dois mais velhos desejavam, também, ardentemente, encontrar as princesas, mas não queriam ter muito trabalho, nem amolações. Deu-lhe, pois, todas as instruções.
Antes de mais nada, devia munir-se de um grande cesto, sentar-se dentro com o facão de caça e uma campainha; depois descer ao fundo do poço; lá encontraria três quartos; dentro de cada um deles estava uma princesa guardada por um dragão enorme com muitas cabeças; ele teria de as cortar todas. Após ter dito tudo isso, o gnomo desapareceu.
Ao anoitecer, regressaram os outros dois e perguntaram-lhe como tinham corrido as coisas.
- Oh, não correram mal de todo! Não vi alma viva até o meio-dia, quando apareceu um gnomo que me pediu um pedaço de pão.
Em seguida, contou que, tendo-lhe dado o pão, o gnomo deixara-o cair, pedindo que o apanhasse; como se negasse a fazê-lo, o gnomo enfureceu-se; então, pegara-o e dera-lhe tamanha surra que o gnomo acabara por lhe revelar onde se encontravam as princesas.
Os outros dois caçadores ficaram verdes e amarelos de raiva. Mas, na manhã seguinte, foram juntos até onde se achava o poço e lá tiraram a sorte para ver quem desceria primeiro. Tocou ao mais velho, que entrou no cesto munido do facão e da campainha, dizendo:
- Quando eu tocar a campainha, puxai-me para cima.
Mal acabava de descer, ouviu-se a campainha tocando furiosamente; então puxaram-no depressa para cima. Em seguida, foi o segundo, que procedeu da mesma forma; e, finalmente, chegou a vez do terceiro; entrou no cesto e desceu até ao fundo do poço. Lá saiu, e com o facão de caça na mão postou-se diante de uma porta, a escutar; ouviu o dragão roncando sonoramente. Com muito cuidado, abriu a porta e entrou no quarto, onde viu a princesa mais velha com as nove cabeças do dragão reclinadas no colo. O moço, então, agarrou prontamente a faca e, com alguns vigorosos golpes bem dados, decepou as nove cabeças.
A princesa levantou-se de um pulo, atirou-se-lhe aos braços, beijando-o e abraçando-o com grande alegria; em seguida, tirou um colar de ouro vermelho e colocou no pescoço do caçador. Este foi à outra porta e lá viu a segunda princesa, tendo no regaço as sete cabeças de outro dragão; não teve dificuldades em libertar essa também. Depois, foi ao quarto onde estava a mais moça, tendo ao colo as quatro cabeças de outro dragão. E fez o mesmo que fizera aos outros.
A alegria das três irmãs era indizível, nunca acabavam de se abraçar e beijar e fazer mil perguntas. Então, João-Bobo agitou, com força, a campainha e, assim que os irmãos lhe mandaram o cesto, fez subir as princesas, uma de cada vez; mas, quando chegou a vez dele, lembrou-se da advertência do gnomo a respeito das más intenções dos irmãos. Então, apanhou uma grande pedra e colocou-a dentro do cesto e, quando este ia subindo e já estava na metade do caminho, os cruéis irmãos cortaram a corda e o cesto despencou com o peso da pedra.
Os dois malvados, julgando que João-Bobo tivesse morrido, fugiram mais que depressa com as três princesas, obrigando-as a prometer que diriam ao pai terem sido salvas por eles dois. Chegando ao castelo, pediram as princesas em casamento.
Enquanto isso, João-Bobo perambulava sozinho e tristonho por entre os quartos onde matara os dragões, pensando que aí teria que acabar sua pobre vida. Deu com os olhos numa flauta pendurada na parede; muito admirado, perguntou.
- Que fazes aí dependurada nessa parede? Aqui ninguém pode sentir-se tão alegre, que tenha vontade de tocar!
Depois, contemplou as cabeças dos dragões e disse:
- Nem vós podeis me ajudar!
E continuou passeando de um lado para outro até o pavimento tornar-se liso. Cansado, teve uma ideia; tirou a flauta da parede e pôs-se a modular qualquer coisa; nisso viu chegar uma quantidade enorme de gnomos. Cada nota que saia da flauta chamava mais outros, e chegaram tantos que ele não os poderia contar.
Perguntaram-lhe o que desejava, e ele respondeu que queria regressar à terra e ver a luz do dia. Então os gnomos, todos juntos, cada um pegando num fio de cabelo, sairam voando com ele até à superfície da terra.
Uma vez fora do poço, João-Bobo foi direitinho ao castelo, onde faziam os preparativos para as bodas da princesa mais velha; dirigiu-se, diretamente, ao salão em
que se achava o rei com as três filhas. Estas, ao vê-lo, ficaram tão assustadas que uma delas desmaiou. Diante disso, o rei enfureceu-se e mandou prendê-lo, julgando que aí estava para fazer algum mal às jovens. Mas quando a princesa recobrou os sentidos, logo pediu ao rei que o pusesse em liberdade. O pai quis saber a razão de tudo aquilo, elas porém disseram que não podiam falar. Achando inútil insistir, o pai disse que poderiam jogar o segredo dentro do fogo; em seguida, retirou-se e foi postar-se atrás da lareira e de lá ouviu tudo o que elas disseram entre si e ao fogo.
Em seguida, mandou chamar os dois irmãos perversos e condenou-os à morte. A filha mais moça casou-se com João-Bobo e viveu muito feliz.
Eu calcei um par de sapatos de vidro, tropecei numa pedra e o vidro fez tilim e os sapatos se quebraram.
Quando chegou o outono, as maçãs amadureceram, ficando vermelhas como sangue. As três jovens iam, diariamente, debaixo da macieira com a esperança de que o vento tivesse derrubado alguma maçã; mas em vão, nunca encontravam nada, embora estivesse tão carregada que os galhos pendiam até ao chão.
A mais moça das três vivia de água na boca e um dia, não resistindo mais, disse às irmãs:
- Nosso pai nos ama demasiado para que sua praga recaia sobre nós; acho que só o fará com os estranhos.
Assim dizendo, a jovem colheu uma esplêndida maçã e, dirigindo-se às irmãs, disse-lhes:
- Ah, queridas irmãzinhas, provem um bocadinho! Em toda minha vida jamais comi uma fruta tão gostosa.
As outras, também gulosas, deram uma dentada na maçã e, imediatamente, as três afundaram pela terra a dentro, desaparecendo para tão longe, onde já não se ouvia o galo cantar, e ninguém ficou sabendo.
Ao meio-dia, o rei chamou-as para almoçar. Procurou-as por toda parte e não as encontrou. Muito aborrecido com o desaparecimento delas, mandou anunciar por todo o reino que, quem encontrasse as três princesas, receberia uma delas por esposa.
Foi um alvoroço geral; muitos jovens partiram de seus lares, fazendo o impossível para encontrá-las, pois as princesas eram muito queridas pelos seus dotes de bondade, gentileza e beleza. Entre os candidatos, arrolaram- se também três caçadores e, após oito dias de busca incessante, foram dar a um enorme castelo no qual havia salões maravilhosos; num desses salões, viram uma suntuosa mesa, posta, coberta de iguarias doces, tão quentes que ainda fumegavam; mas em todo o castelo, nada se ouvia, nem se via alma viva.
Aguardaram ainda meio-dia e as iguarias continuavam sempre quentes e fumegantes; por fim, apertando a fome, resolveram sentar-se à mesa e comer. Depois, decidiram permanecer no castelo e tirar a sorte para que um ficasse de plantão enquanto os outros iriam à procura das princesas. Assim fizeram e, por sorte, coube ao mais velho ficar de plantão.
Logo no dia imediato, os dois mais moços sairam à procura das princesas, enquanto o mais velho ficava em casa. Quando deu meio-dia, ele viu chegar um gnomo, o qual lhe pediu um bocadinho de pão; o caçador pegou e cortou uma grande fatia de pão, estendendo-a ao gnomo, que a deixou cair no chão; o gnomo pediu-lhe, por favor, que a apanhasse. O caçador obedeceu e abaixou-se para pegar a fatia, nisso o gnomo agarrou-o pelos cabelos e encheu-o de bordoadas.
No dia seguinte, foi a vez do segundo caçador ficar em casa e não teve melhor sorte, Ao anoitecer, quando os outros regressaram, o mais velho perguntou:
- Que tal? Como andaram as coisas?
- Oh, da pior maneira possível; - respondeu o outro.
Um confiou ao outro suas provações, mas nada disseram ao mais moço. Não o suportavam e tratavam-no sempre de João-Bobo, justamente porque era muito simples.
No terceiro dia, ficou João-Bobo em casa e os outros foram-se. Ao meio-dia, chegou o gnomo e pediu-lhe um pedaço de pão. O rapaz deu-lhe o pão e o gnomo deixou-o cair, pedindo-lhe que o apanhasse; então João-Bobo respondeu.
- Como assim! Não podes apanhá-lo tu mesmo? Se não queres ter trabalho para ganhar teu pão cotidiano, também não mereces comê-lo.
O gnomo ficou furioso e exigiu que ele o apanhasse; mas o moço, sem perder tempo, agarrou o gnomo e surrou-o valentemente. O gnomo gritava como um possesso:
- Chega, chega! Larga-me; eu to contarei onde estão as princesas.
Ouvindo isso, o moço largou-o e o gnomo contou-lhe que havia mais de mil gnomos por aí e que moravam debaixo da terra. Disse-lhe que o seguisse e ele lhe mostraria aonde estavam as princesas. Mostrou-lhe um poço muito fundo mas sem água dentro. Sabia, continuou o gnomo, que seus irmãos não eram sinceros e não tinham boas intenções para com ele; portanto, se quisesse libertar as princesas tinha que agir sozinho. Os dois mais velhos desejavam, também, ardentemente, encontrar as princesas, mas não queriam ter muito trabalho, nem amolações. Deu-lhe, pois, todas as instruções.
Antes de mais nada, devia munir-se de um grande cesto, sentar-se dentro com o facão de caça e uma campainha; depois descer ao fundo do poço; lá encontraria três quartos; dentro de cada um deles estava uma princesa guardada por um dragão enorme com muitas cabeças; ele teria de as cortar todas. Após ter dito tudo isso, o gnomo desapareceu.
Ao anoitecer, regressaram os outros dois e perguntaram-lhe como tinham corrido as coisas.
- Oh, não correram mal de todo! Não vi alma viva até o meio-dia, quando apareceu um gnomo que me pediu um pedaço de pão.
Em seguida, contou que, tendo-lhe dado o pão, o gnomo deixara-o cair, pedindo que o apanhasse; como se negasse a fazê-lo, o gnomo enfureceu-se; então, pegara-o e dera-lhe tamanha surra que o gnomo acabara por lhe revelar onde se encontravam as princesas.
Os outros dois caçadores ficaram verdes e amarelos de raiva. Mas, na manhã seguinte, foram juntos até onde se achava o poço e lá tiraram a sorte para ver quem desceria primeiro. Tocou ao mais velho, que entrou no cesto munido do facão e da campainha, dizendo:
- Quando eu tocar a campainha, puxai-me para cima.
Mal acabava de descer, ouviu-se a campainha tocando furiosamente; então puxaram-no depressa para cima. Em seguida, foi o segundo, que procedeu da mesma forma; e, finalmente, chegou a vez do terceiro; entrou no cesto e desceu até ao fundo do poço. Lá saiu, e com o facão de caça na mão postou-se diante de uma porta, a escutar; ouviu o dragão roncando sonoramente. Com muito cuidado, abriu a porta e entrou no quarto, onde viu a princesa mais velha com as nove cabeças do dragão reclinadas no colo. O moço, então, agarrou prontamente a faca e, com alguns vigorosos golpes bem dados, decepou as nove cabeças.
A princesa levantou-se de um pulo, atirou-se-lhe aos braços, beijando-o e abraçando-o com grande alegria; em seguida, tirou um colar de ouro vermelho e colocou no pescoço do caçador. Este foi à outra porta e lá viu a segunda princesa, tendo no regaço as sete cabeças de outro dragão; não teve dificuldades em libertar essa também. Depois, foi ao quarto onde estava a mais moça, tendo ao colo as quatro cabeças de outro dragão. E fez o mesmo que fizera aos outros.
A alegria das três irmãs era indizível, nunca acabavam de se abraçar e beijar e fazer mil perguntas. Então, João-Bobo agitou, com força, a campainha e, assim que os irmãos lhe mandaram o cesto, fez subir as princesas, uma de cada vez; mas, quando chegou a vez dele, lembrou-se da advertência do gnomo a respeito das más intenções dos irmãos. Então, apanhou uma grande pedra e colocou-a dentro do cesto e, quando este ia subindo e já estava na metade do caminho, os cruéis irmãos cortaram a corda e o cesto despencou com o peso da pedra.
Os dois malvados, julgando que João-Bobo tivesse morrido, fugiram mais que depressa com as três princesas, obrigando-as a prometer que diriam ao pai terem sido salvas por eles dois. Chegando ao castelo, pediram as princesas em casamento.
Enquanto isso, João-Bobo perambulava sozinho e tristonho por entre os quartos onde matara os dragões, pensando que aí teria que acabar sua pobre vida. Deu com os olhos numa flauta pendurada na parede; muito admirado, perguntou.
- Que fazes aí dependurada nessa parede? Aqui ninguém pode sentir-se tão alegre, que tenha vontade de tocar!
Depois, contemplou as cabeças dos dragões e disse:
- Nem vós podeis me ajudar!
E continuou passeando de um lado para outro até o pavimento tornar-se liso. Cansado, teve uma ideia; tirou a flauta da parede e pôs-se a modular qualquer coisa; nisso viu chegar uma quantidade enorme de gnomos. Cada nota que saia da flauta chamava mais outros, e chegaram tantos que ele não os poderia contar.
Perguntaram-lhe o que desejava, e ele respondeu que queria regressar à terra e ver a luz do dia. Então os gnomos, todos juntos, cada um pegando num fio de cabelo, sairam voando com ele até à superfície da terra.
Uma vez fora do poço, João-Bobo foi direitinho ao castelo, onde faziam os preparativos para as bodas da princesa mais velha; dirigiu-se, diretamente, ao salão em
que se achava o rei com as três filhas. Estas, ao vê-lo, ficaram tão assustadas que uma delas desmaiou. Diante disso, o rei enfureceu-se e mandou prendê-lo, julgando que aí estava para fazer algum mal às jovens. Mas quando a princesa recobrou os sentidos, logo pediu ao rei que o pusesse em liberdade. O pai quis saber a razão de tudo aquilo, elas porém disseram que não podiam falar. Achando inútil insistir, o pai disse que poderiam jogar o segredo dentro do fogo; em seguida, retirou-se e foi postar-se atrás da lareira e de lá ouviu tudo o que elas disseram entre si e ao fogo.
Em seguida, mandou chamar os dois irmãos perversos e condenou-os à morte. A filha mais moça casou-se com João-Bobo e viveu muito feliz.
Eu calcei um par de sapatos de vidro, tropecei numa pedra e o vidro fez tilim e os sapatos se quebraram.
Жил некогда на свете богатый-пребогатый король, и было у него три дочери, которые каждый день гуляли в саду королевского замка. И вот король, большой любитель всяких плодовых деревьев, сказал им: "Того, кто осмелится сорвать хоть одно яблочко с яблонь, я силою чар упрячу на сто сажен под землю".
Когда пришла осень, закраснелись на одном дереве яблоки, словно кровь.
Королевны ходили каждый день под то дерево и смотрели, не стряхнет ли ветром с него хоть яблочко, так как им отродясь не случалось ни одного яблочка скушать, а между тем на дереве яблок было такое множество, что оно ломилось под их тяжестью, и ветви его висели до самой земли.
Вот и захотелось младшей королевне отведать хоть одно яблочко, и она сказала своим сестрам: "Наш батюшка слишком нас любит, чтобы и над нами исполнить свое заклятие; я думаю, что обещанное им наказание может относиться только к чужим людям". И при этих словах сорвала большое яблоко, подбежала к сестрам и сказала: "Отведайте-ка, милые сестрички, я в жизнь свою еще не едала ничего вкуснее". Тогда и две другие сестрицы откусили от того же яблока по кусочку - и тотчас все три провалились под землю так глубоко, что и петушиного кукареканья не стало им слышно.
Когда наступило время обеда и король собирался сесть за стол, дочек его нигде нельзя было отыскать; сам он их искал и по замку, и по саду, однако же найти никак не мог. Он был так этим опечален, что велел объявить по всей стране: кто отыщет его дочек, тот бери себе любую из них в жены.
Вот и взялось за поиски множество молодых людей, тем более, что сестер все любили - они были и ласковы со всеми, и лицом очень красивы.
Среди прочих вышли на поиски и три охотника, и проездив дней восемь, приехали к большому замку; в том замке были красивые покои, и в одном из них был накрыт стол, а на нем поставлено много всяких блюд, которые были еще настолько горячи, что от них пар клубом валил, хотя во всем замке и не видно, и не слышно было ни души человеческой.
Вот прождали они полдня, не смея приняться за эти кушанья, а кушанья все не остывали - пар от них так и валил. Наконец голод взял свое: они сели за стол и поели, а потом порешили между собою, что останутся на житье в замке и по жребию один будет дома, а двое других - на поисках королевен. Бросили жребий, и выпало старшему оставаться дома…
На другой день двое младших братьев пошли на поиски, а старший остался дома.
В самый полдень пришел к нему маленький-премаленький человечек и попросил у него кусочек хлеба; старший взял хлеб, отрезал ему большой ломоть, и в то время, когда он подавал ломоть человечку, тот уронил его и просил юношу ему тот ломоть поднять. Юноша хотел ему оказать и эту услугу, но когда стал нагибаться, человечек вдруг схватил палку и осыпал его ударами.
На другой день остался дома второй брат, и с тем случилось то же самое.
Когда другие два брата вернулись вечером в замок, старший и спросил второго: "Ну, что? Как поживаешь?" - "Ох, хуже и быть нельзя", - ответил второй брат старшему.
Тут и стали они друг другу жаловаться на то, что с ними случилось; а младшему они о том ничего не сказали, потому что они его терпеть не могли и называли глупым Гансом.
На третий день остался дома младший, и к нему тоже пришел тот же маленький человечек и попросил у него кусок хлеба; младший ему подал, а тот уронил кусок и попросил поднять.
Тогда юноша сказал маленькому человечку: "Что-о? Ты не можешь сам поднять того куска? Если ты для своего насущного хлеба нагнуться не можешь, так тебя им и кормить не стоит".
Человечек озлился, услышав это, и настаивал, что юноша должен поднять ему кусок хлеба; а юноша схватил его за шиворот и порядком поколотил.
Тогда человечек стал кричать: "Не бей, не бей и отпусти меня, тогда я тебе открою, где находятся королевны".
Услышав это, юноша не стал его бить, а человечек рассказал ему, что он живет под землею, что их там много, и просил его за собою следовать, обещая показать ему, где находятся королевны.
И привел он его к глубокому колодцу, в котором, однако же, вовсе не было воды.
Тут же сказал ему человечек: "Знаю я, что твои братья злое против тебя умышляют, а потому советую тебе: если хочешь освобождать королевен, то ступай на это дело один. Оба твои брата тоже охотно хотели бы королевен добыть из-под земли, но они не захотят подвергать себя опасности; а ты возьми большую корзину, садись в нее со своим охотничьим ножом и колокольчиком и вели опустить себя в колодец; внизу увидишь три комнаты: в каждой из них сидит по королевне, и каждую королевну сторожит многоглавый дракон… Этим-то драконам ты и должен обрубить все головы".
Сказав все это, подземный человечек исчез.
Вечером вернулись старшие братья и спросили у младшего, как он поживает.
Он отвечал: "Пока ничего!" - и вполне искренне рассказал им, как приходил к нему человечек, и все, что между ними тогда произошло, а затем передал им и то, что человечек указал ему, где следует искать королевен.
Братья на это прогневались и позеленели от злости.
На другое утро пошли они к колодцу и бросили жребий - кому первому садиться в корзину. И выпал жребий старшему.
Он сказал: "Если я позвоню в колокольчик, то вы должны меня поскорее наверх вытащить".
И чуть только они его немного опустили в колодец, он уже зазвонил, чтобы его опять подняли наверх.
Тогда на его место сел второй, но и тот поступил точно так же: едва его чуть-чуть опустили, он завопил.
Когда же пришел черед младшего, он дал себя опустить на самое дно колодца.
Выйдя из корзины, он взял свой охотничий нож, подошел к первой двери и стал прислушиваться, и явственно расслышал, как дракон храпел за дверью.
Тихонько отворив дверь, он увидал в комнате одну из королевен, а около нее девятиглавого дракона, который положил ей свою голову на колени.
Взял он свой нож и отсек все девять голов дракона. Королевна вскочила, бросилась его обнимать и целовать, а потом сняла с себя ожерелье чистого золота и надела ему на шею.
Затем пошел он за второй королевной, которую стерег семиглавый дракон, и ту избавил от него; наконец отправился за третьей, младшей, которую стерег четырехглавый дракон, и того обезглавил.
И все королевны очень радовались своему избавлению, и обнимали, и целовали его.
Вот и стал он звонить так громко, что наверху его услыхали. Посадил он всех трех королевен одну за другою в корзину и велел их поднимать вверх.
Когда же до него самого дошла очередь, тогда пришли ему на память слова человечка о том, что его братья на него зло умышляют. Вот он и взял большой камень, положил его вместо себя в корзину, и когда корзина поднялась до половины глубины колодца, коварные братья обрезали веревку, и рухнула корзина с камнем на дно.
Вообразив себе, что младший брат их убился до смерти, старшие братья подхватили королевен и бежали с ними от колодца домой, взяв с них клятву, что они перед отцом назовут их обоих своими избавителями.
Затем, придя к королю, они потребовали себе королевен в жены. А между тем младший брат ходил, опечаленный, по трем подземным комнатам и думал, что ему тут и помереть придется; и вдруг бросилась ему в глаза флейта, висевшая на стене. "Зачем ты тут висишь? - подумал он. - Здесь ведь никому не до веселья!"
Посмотрел он и на головы драконов и проговорил про себя: "И вы тоже мне помочь не можете!"
И опять стал ходить взад и вперед по комнатам, так что и земляной пол весь гладко вылощил.
Потом, немного рассеяв свои мрачные думы, снял он флейту со стены и заиграл на ней - и вдруг набралось в комнату множество маленьких подземных человечков, и чем больше он играл, тем больше их набиралось…
И наигрывал он на флейте до тех пор, пока их не набралась полнешенька комната.
И все спрашивали его, чего он желает; а он и сказал им, что желает подняться на землю, на Божий свет. Тогда они тотчас же его подхватили и вынесли через колодец на землю.
Очутившись на земле, он тотчас пошел в королевский замок, где только что собрались играть свадьбу одной из королевен, и прошел прямо в ту комнату, где сидел король со своими тремя дочерьми. Когда королевны его увидали, то попадали в обморок.
Король был так этим разгневан, что приказал было тотчас же посадить его в тюрьму, предположив, что он сделал какое-нибудь зло его дочерям.
Когда же королевны опять очнулись, то стали просить короля, чтобы он освободил юношу из заключения.
Король спросил их, почему они за него просят, а они отвечали ему, что не смеют этого ему сказать; но отец сказал им: "Ну, не мне скажете, так скажете печке". А сам сошел вниз, да и подслушал то, что они в трубу говорили.
Тогда приказал он обоих старших братьев повесить на одной виселице, а за младшего выдал младшую дочь…
Я на той свадьбе был и мед-пиво пил, да плясавши стеклянные башмаки - дзынь! - о камень разбил…