Houve, uma vez, um pobre lenhador que trabalhava de sol a sol. Assim, conseguiu economizar um pouco de dinheiro e, chamando o filho, disse-lhe:
- Tu és meu único filho; o dinheiro que economizei com o amargo suor do meu rosto, quero empregá-lo na tua instrução; se aprenderes tudo bem, poderás manter- me na velhice, quando meus membros estiverem endurecidos e eu for obrigado a ficar em casa sem nada poder fazer.
O jovem foi para a universidade, onde permaneceu algum tempo, aprendendo com grande aplicação, merecendo a admiração e os elogios dos mestres; tinha seguido vários cursos mas ainda não se aperfeiçoara em tudo, quando a mísera soma ganha com tanto sacrifício pelo pai acabou-se e ele teve de voltar para casa.
- Ah, - lastimou-se o pai, - não tenho mais nada que possa dar-te e, nestes tempos ruins como andam, nem posso ganhar um só centavo além do pão de cada dia,
- Não te aborreças, meu querido pai, - respondeu o filho, - se esta é a vontade de Deus, certamente será para o meu bem e eu me conformarei.
Quando o pai se preparava a ir à floresta cortar lenha para vender e assim ganhar alguma coisa, o filho disse-lhe:
- Quero ir contigo e ajudar-te.
- Será muito duro para ti, meu filho, que não estás acostumado com trabalho pesado; não aguentarás. Além disso, só possuo um machado e não tenho dinheiro para comprar outro.
- Vai à casa do vizinho, - respondeu o filho, - e pede-lhe um machado emprestado até eu ganhar o suficiente para comprar outro para mim.
O pai foi ao vizinho e pediu-lhe emprestado um machado; e assim, na manhã seguinte, logo de madrugada, saíram os dois a caminho da floresta. O filho, alegre e desembaraçado, ajudou bem o pai. Quando o sol estava a pique, disse o velho:
- Sentemo-nos um pouco aí e comamos nosso lanche; depois continuaremos com mais vigor.
O filho recebeu a ração de pão e disse:
- Descansa um pouco, meu pai; eu não estou cansado e prefiro dar um passeio pela floresta à cata de ninhos.
- Ó tolinho, - respondeu o pai, - para que queres perambular pela floresta? Ficarás cansado e, depois, não terás força para erguer o braço. Fica aqui e senta-te perto de mim.
O filho, porém, não lhe deu ouvidos e encaminhou-se para a floresta, comendo alegremente o pedaço de pão e olhando por entre os galhos a ver se descobria algum ninho. Andando a esmo, foi longe e chegou ao pé de um carvalho enorme, assustador, que deveria ter muitos séculos de existência, pois o tronco não poderia ser abraçado por cinco homens. Deteve-se a contemplar a árvore, pensando: "Muitos pássaros, certamente, fizeram ninhos lá em cima." Nisso, prestando ouvido, pareceu-lhe ouvir uma voz abafada a gritar:
- Solte-me daqui! Solte-me daqui!
Olhou para todos os lados mas não viu coisa alguma, parecendo-lhe que a voz saía de dentro do chão. Então perguntou alto:
- Ondes estás? Quem chama assim?
A voz respondeu:
- Estou aqui no chão, entre as raízes do carvalho. Ajuda-me a sair, ajuda-me a sair.
O estudante pôs-se ativamente a revolver a terra debaixo da árvore, procurando entre as raízes, até que, por fim, numa pequena cavidade, descobriu uma garrafa. Erguendo-a e olhando-a contra a luz, ele distinguiu dentro dela uma coisinha em forma de rã, que pulava para cima e para baixo.
- Solta-me daqui, solta-me daqui! - gritou novamente; e o estudante, sem pensar em maldade alguma, destapou a garrafa.
No mesmo instante, saiu de dentro dela um espírito, que começou a crescer, e cresceu tão rapidamente que, em poucos minutos apenas, ergueu-se diante do estudante como um horrendo gigante do tamanho da metade do carvalho.
- Sabes tu o que te aguarda por me haveres salvo? - gritou com voz terrificante.
- Não, - respondeu o estudante, sem sombra de medo; - como haveria de sabê-lo?
- Pois, então, digo-te já, - berrou o espírito; - tenho que torcer-te o pescoço.
- Devias ter-me dito isso antes, - respondeu o estudante; - eu teria deixado que ficasses lá dentro. Mas a minha cabeça ficará firme no pescoço, pois há alguém mais que deve dar parecer no caso.
- Qual alguém ou ninguém, - rugiu o espírito; - terás o que mereces. Achas que foi por misericórdia que fiquei preso tanto tempo? Não; foi por castigo. Eu sou o poderosíssimo Mercúrio; a quem me soltar tenho de lhe quebrar o pescoço.
- Devagar, devagar! - respondeu o estudante; - não tenhas tanta pressa! Antes de mais nada, preciso saber se realmente estavas naquela garrafa e se és na verdade um espírito; se conseguires entrar e sair novamente, acreditarei; então poderás fazer de mim o que quiseres.
- E a coisa mais fácil deste mundo, - disse o espírito, cheio de vaidade e orgulho.
Encolhendo-se mais e mais, tornou-se fininho e pequenino como fora antes, conseguindo passar facilmente pelo gargalo da garrafa. Mal entrou, o estudante tapou bem depressa a garrafa com a rolha e atirou-a outra vez para dentro do buraco, entre as raízes do carvalho. Assim o espírito saiu logrado.
O estudante dispuha-se a voltar para junto do pai, quando ouviu o espírito implorar lamentosamente:
- Solta-me daqui, solta-me daqui!
- Nada, nada, - respondeu o estudante; - nessa não cairei segunda vez. Quem atentou uma vez contra a minha vida, quando o agarrar não o soltarei nunca mais.
- Se me soltares, - disse o espírito; - eu te darei o suficiente para que vivas folgadamente pelo resto da vida.
- Não, não - respondeu o estudante; - vais enganar-me como da primeira vez.
- Estás dando um pontapé na sorte! - retrucou o espírito; - não te farei mal algum, e, ainda por cima eu te recompensarei regiamente.
O estudante refletiu: "Vou arriscar talvez cumpra a palavra e não me faça mal." Destapou, novamente, a garrafa e o espírito saiu como da outra vez e se foi encompridando e aumentando até voltar a ser o enorme gigante.
- Agora receberás a recompensa - disse o espírito, dando ao estudante um trapo largo como um emplastro, dizendo: - se tocas com uma das pontas deste trapo qualquer ferida, ela sarará imediatamente; se com a outra ponta tocares ferro ou aço, logo esse objeto se converterá em prata.
- Está bem, - disse o estudante, - mas antes tenho de experimentar.
E, aproximando-se de uma árvore, fez uma incisão na casca com o machado, depois aplicou em cima o trapo para ver o resultado. Imediatamente a casca se uniu e sarou, ficando tal como estava antes.
- É! - disse o estudante; - realmente é como dizes. Agora podemos separar-nos.
O espírito agradeceu por ter-lhe dado a liberdade e o estudante também agradeceu pelo seu presente e voltou para junto do pai.
- Estiveste vagabundeando até agora, não é? - disse o pai. - Até esqueceste o trabalho! Eu bem sabia que não farias coisa alguma!
- Não te amofines, meu pai; vou recuperar o tempo perdido.
- Sim, sim; - disse, agastado, o pai, - quero só ver!
- Cuidado, meu pai; vou derrubar aquela árvore aí, que ficará em pedaços.
Pegando no trapo, esfregou com ele o machado e, em seguida, desferiu valente machadada no tronco; mas como o machado se havia transformado em prata, o gume dobrou-se.
- Oh, meu pai, vê que espécie de machado me deste; entortou completamente ao primeiro golpe!
Assustado com aquilo, pois o machado não era seu, o pai exclamou;
- Ah, meu filho, que fizeste! Agora tenho de pagar o machado e não sei como hei de fazê-lo; grande lucro me deu o teu trabalho!
- Não te zangues, meu pai. Eu pagarei logo o machado.
- Sim, seu toleirão, - falou o pai, - com que vais pagá-lo se não tens senão o que eu te dou? Pura fantasia de estudante tens na cabeça; quanto a rachar lenha, nada entendes!
Passados alguns instantes, o estudante disse ao pai:
- Meu pai, eu não posso mais trabalhar; vamos fazer feriado por hoje.
- O que estás dizendo? Achas que quero ficar de mão no bolso como você? Se quiseres, podes voltar para casa, mas eu continuarei aqui trabalhando.
- É a primeira vez que venho a floresta e não conheço ainda o caminho; não posso voltar sozinho. Vem comigo?
Tendo-lhe passado a raiva, o pai deixou-se persuadir pela maneira gentil do filho e acabou por voltar com ele para casa. Aí disse-lhe:
- Trata de vender o machado estragado e vê o que podes alcançar por ele; o que faltar terei que ganhar com o trabalho para compensar o nosso vizinho pelo dano sofrido.
O filho dirigiu-se então à cidade, levando o machado a um ourives que, depois de o medir e pesar cuidadosamente, disse:
- Vale quatrocentas moedas, mas não tenho tanto dinheiro.
- Não faz mal, - disse o estudante, - dai-me o que tiverdes. Confio na vossa honestidade para me pagardes o resto depois.
O ourives deu-lhe trezentas moedas, ficando a dever-lhe cem. O estudante voltou para casa e disse ao pai:
- Já tenho o dinheiro; vai perguntar ao vizinho quanto quer pelo machado.
- Eu já sei - respondeu o pai. - Uma moeda e meia.
- Dá-lhe, então, três moedas; é o dobro do que vale e acho que é mais do que suficiente. Olha quanto dinheiro tenho!
Entregou ao pai as trezentas moedas, dizendo:
- Não te faltará mais nada e poderás viver confortavelmente.
- Santo Deus! - exclamou o pai admirado, - onde arranjaste todo esse dinheiro?
O filho, então, contou o que lhe tinha acontecido e como acertara confiando na Providência Divina.
Com o resto do dinheiro, voltou para a Universidade e continuou a estudar, aprendendo tudo quanto havia para aprender. Mais tarde, como podia curar todas as feridas com o pedaço de trapo, tornou-se o médico mais afamado do mundo inteiro.
- Tu és meu único filho; o dinheiro que economizei com o amargo suor do meu rosto, quero empregá-lo na tua instrução; se aprenderes tudo bem, poderás manter- me na velhice, quando meus membros estiverem endurecidos e eu for obrigado a ficar em casa sem nada poder fazer.
O jovem foi para a universidade, onde permaneceu algum tempo, aprendendo com grande aplicação, merecendo a admiração e os elogios dos mestres; tinha seguido vários cursos mas ainda não se aperfeiçoara em tudo, quando a mísera soma ganha com tanto sacrifício pelo pai acabou-se e ele teve de voltar para casa.
- Ah, - lastimou-se o pai, - não tenho mais nada que possa dar-te e, nestes tempos ruins como andam, nem posso ganhar um só centavo além do pão de cada dia,
- Não te aborreças, meu querido pai, - respondeu o filho, - se esta é a vontade de Deus, certamente será para o meu bem e eu me conformarei.
Quando o pai se preparava a ir à floresta cortar lenha para vender e assim ganhar alguma coisa, o filho disse-lhe:
- Quero ir contigo e ajudar-te.
- Será muito duro para ti, meu filho, que não estás acostumado com trabalho pesado; não aguentarás. Além disso, só possuo um machado e não tenho dinheiro para comprar outro.
- Vai à casa do vizinho, - respondeu o filho, - e pede-lhe um machado emprestado até eu ganhar o suficiente para comprar outro para mim.
O pai foi ao vizinho e pediu-lhe emprestado um machado; e assim, na manhã seguinte, logo de madrugada, saíram os dois a caminho da floresta. O filho, alegre e desembaraçado, ajudou bem o pai. Quando o sol estava a pique, disse o velho:
- Sentemo-nos um pouco aí e comamos nosso lanche; depois continuaremos com mais vigor.
O filho recebeu a ração de pão e disse:
- Descansa um pouco, meu pai; eu não estou cansado e prefiro dar um passeio pela floresta à cata de ninhos.
- Ó tolinho, - respondeu o pai, - para que queres perambular pela floresta? Ficarás cansado e, depois, não terás força para erguer o braço. Fica aqui e senta-te perto de mim.
O filho, porém, não lhe deu ouvidos e encaminhou-se para a floresta, comendo alegremente o pedaço de pão e olhando por entre os galhos a ver se descobria algum ninho. Andando a esmo, foi longe e chegou ao pé de um carvalho enorme, assustador, que deveria ter muitos séculos de existência, pois o tronco não poderia ser abraçado por cinco homens. Deteve-se a contemplar a árvore, pensando: "Muitos pássaros, certamente, fizeram ninhos lá em cima." Nisso, prestando ouvido, pareceu-lhe ouvir uma voz abafada a gritar:
- Solte-me daqui! Solte-me daqui!
Olhou para todos os lados mas não viu coisa alguma, parecendo-lhe que a voz saía de dentro do chão. Então perguntou alto:
- Ondes estás? Quem chama assim?
A voz respondeu:
- Estou aqui no chão, entre as raízes do carvalho. Ajuda-me a sair, ajuda-me a sair.
O estudante pôs-se ativamente a revolver a terra debaixo da árvore, procurando entre as raízes, até que, por fim, numa pequena cavidade, descobriu uma garrafa. Erguendo-a e olhando-a contra a luz, ele distinguiu dentro dela uma coisinha em forma de rã, que pulava para cima e para baixo.
- Solta-me daqui, solta-me daqui! - gritou novamente; e o estudante, sem pensar em maldade alguma, destapou a garrafa.
No mesmo instante, saiu de dentro dela um espírito, que começou a crescer, e cresceu tão rapidamente que, em poucos minutos apenas, ergueu-se diante do estudante como um horrendo gigante do tamanho da metade do carvalho.
- Sabes tu o que te aguarda por me haveres salvo? - gritou com voz terrificante.
- Não, - respondeu o estudante, sem sombra de medo; - como haveria de sabê-lo?
- Pois, então, digo-te já, - berrou o espírito; - tenho que torcer-te o pescoço.
- Devias ter-me dito isso antes, - respondeu o estudante; - eu teria deixado que ficasses lá dentro. Mas a minha cabeça ficará firme no pescoço, pois há alguém mais que deve dar parecer no caso.
- Qual alguém ou ninguém, - rugiu o espírito; - terás o que mereces. Achas que foi por misericórdia que fiquei preso tanto tempo? Não; foi por castigo. Eu sou o poderosíssimo Mercúrio; a quem me soltar tenho de lhe quebrar o pescoço.
- Devagar, devagar! - respondeu o estudante; - não tenhas tanta pressa! Antes de mais nada, preciso saber se realmente estavas naquela garrafa e se és na verdade um espírito; se conseguires entrar e sair novamente, acreditarei; então poderás fazer de mim o que quiseres.
- E a coisa mais fácil deste mundo, - disse o espírito, cheio de vaidade e orgulho.
Encolhendo-se mais e mais, tornou-se fininho e pequenino como fora antes, conseguindo passar facilmente pelo gargalo da garrafa. Mal entrou, o estudante tapou bem depressa a garrafa com a rolha e atirou-a outra vez para dentro do buraco, entre as raízes do carvalho. Assim o espírito saiu logrado.
O estudante dispuha-se a voltar para junto do pai, quando ouviu o espírito implorar lamentosamente:
- Solta-me daqui, solta-me daqui!
- Nada, nada, - respondeu o estudante; - nessa não cairei segunda vez. Quem atentou uma vez contra a minha vida, quando o agarrar não o soltarei nunca mais.
- Se me soltares, - disse o espírito; - eu te darei o suficiente para que vivas folgadamente pelo resto da vida.
- Não, não - respondeu o estudante; - vais enganar-me como da primeira vez.
- Estás dando um pontapé na sorte! - retrucou o espírito; - não te farei mal algum, e, ainda por cima eu te recompensarei regiamente.
O estudante refletiu: "Vou arriscar talvez cumpra a palavra e não me faça mal." Destapou, novamente, a garrafa e o espírito saiu como da outra vez e se foi encompridando e aumentando até voltar a ser o enorme gigante.
- Agora receberás a recompensa - disse o espírito, dando ao estudante um trapo largo como um emplastro, dizendo: - se tocas com uma das pontas deste trapo qualquer ferida, ela sarará imediatamente; se com a outra ponta tocares ferro ou aço, logo esse objeto se converterá em prata.
- Está bem, - disse o estudante, - mas antes tenho de experimentar.
E, aproximando-se de uma árvore, fez uma incisão na casca com o machado, depois aplicou em cima o trapo para ver o resultado. Imediatamente a casca se uniu e sarou, ficando tal como estava antes.
- É! - disse o estudante; - realmente é como dizes. Agora podemos separar-nos.
O espírito agradeceu por ter-lhe dado a liberdade e o estudante também agradeceu pelo seu presente e voltou para junto do pai.
- Estiveste vagabundeando até agora, não é? - disse o pai. - Até esqueceste o trabalho! Eu bem sabia que não farias coisa alguma!
- Não te amofines, meu pai; vou recuperar o tempo perdido.
- Sim, sim; - disse, agastado, o pai, - quero só ver!
- Cuidado, meu pai; vou derrubar aquela árvore aí, que ficará em pedaços.
Pegando no trapo, esfregou com ele o machado e, em seguida, desferiu valente machadada no tronco; mas como o machado se havia transformado em prata, o gume dobrou-se.
- Oh, meu pai, vê que espécie de machado me deste; entortou completamente ao primeiro golpe!
Assustado com aquilo, pois o machado não era seu, o pai exclamou;
- Ah, meu filho, que fizeste! Agora tenho de pagar o machado e não sei como hei de fazê-lo; grande lucro me deu o teu trabalho!
- Não te zangues, meu pai. Eu pagarei logo o machado.
- Sim, seu toleirão, - falou o pai, - com que vais pagá-lo se não tens senão o que eu te dou? Pura fantasia de estudante tens na cabeça; quanto a rachar lenha, nada entendes!
Passados alguns instantes, o estudante disse ao pai:
- Meu pai, eu não posso mais trabalhar; vamos fazer feriado por hoje.
- O que estás dizendo? Achas que quero ficar de mão no bolso como você? Se quiseres, podes voltar para casa, mas eu continuarei aqui trabalhando.
- É a primeira vez que venho a floresta e não conheço ainda o caminho; não posso voltar sozinho. Vem comigo?
Tendo-lhe passado a raiva, o pai deixou-se persuadir pela maneira gentil do filho e acabou por voltar com ele para casa. Aí disse-lhe:
- Trata de vender o machado estragado e vê o que podes alcançar por ele; o que faltar terei que ganhar com o trabalho para compensar o nosso vizinho pelo dano sofrido.
O filho dirigiu-se então à cidade, levando o machado a um ourives que, depois de o medir e pesar cuidadosamente, disse:
- Vale quatrocentas moedas, mas não tenho tanto dinheiro.
- Não faz mal, - disse o estudante, - dai-me o que tiverdes. Confio na vossa honestidade para me pagardes o resto depois.
O ourives deu-lhe trezentas moedas, ficando a dever-lhe cem. O estudante voltou para casa e disse ao pai:
- Já tenho o dinheiro; vai perguntar ao vizinho quanto quer pelo machado.
- Eu já sei - respondeu o pai. - Uma moeda e meia.
- Dá-lhe, então, três moedas; é o dobro do que vale e acho que é mais do que suficiente. Olha quanto dinheiro tenho!
Entregou ao pai as trezentas moedas, dizendo:
- Não te faltará mais nada e poderás viver confortavelmente.
- Santo Deus! - exclamou o pai admirado, - onde arranjaste todo esse dinheiro?
O filho, então, contou o que lhe tinha acontecido e como acertara confiando na Providência Divina.
Com o resto do dinheiro, voltou para a Universidade e continuou a estudar, aprendendo tudo quanto havia para aprender. Mais tarde, como podia curar todas as feridas com o pedaço de trapo, tornou-se o médico mais afamado do mundo inteiro.
Er was eens een arme houthakker, en die werkte hard van de vroege morgen tot in de nacht. Eindelijk had hij wat geld bijeengespaard en hij zei tegen zijn zoon: "Jij bent mijn enig kind, ik zal het geld, dat ik met hard werken verdiend heb, gebruiken om jou te laten leren; leer je wat goeds, dan kun je mij in mijn ouderdom onderhouden, als ik stijf ben geworden en thuis moet blijven." En toen ging de jongen naar een hogere school en leerde vlijtig zodat zijn leraren hem prezen, en hij bleef er een tijdlang. Maar toen hij een paar scholen doorgeleerd had, maar toch nog niet in alles volleerd was, was het beetje geld dat vader had overgespaard op, en hij moest weer naar zijn vader gaan. "Ach," zei de vader bedrukt, "meer heb ik niet en in deze moeilijke tijden kan ik zelf ook niets meer verdienen dan het dagelijks brood." - "Vaderlief," antwoordde de zoon, "maak u daar geen zorgen over, als het Gods wil is, zal het wel voor mijn bestwil veranderen; ik zal me er wel in schikken." Toen de vader naar het bos wilde om iets te verdienen met snoeien en opbinden, zei de zoon: "Ik ga mee om u te helpen." - "Ja maar, jongen," zei de vader, "dat zal je niet zo gemakkelijk afgaan, je bent dat zware werk niet gewend, dat houd je niet vol; ik heb ook maar één bijl en ook geen geld om er nog een bij te kopen." - "Gaat u dan naar onze buurman, die zal u zijn bijl wel willen lenen, zolang tot ik voor mezelf een nieuwe heb verdiend."
Toen leende de vader bij zijn buurman een bijl, en de volgende morgen, bij 't krieken van de dag, gingen ze samen het bos in. De zoon hielp zijn vader en was er heel opgewekt en fleurig onder. Toen de zon vlak boven hen was, zei de vader: "We zullen rusten en schaften, daarna gaat het nog eens zo goed." De zoon nam zijn brood in de hand en zei: "Gaat u wat rusten, vader, ik ben niet moe, en ik ga een beetje 't bos in, vogelnestjes zoeken." - "Dwaas," zei de vader, "wat wil je nu heen en weer gaan lopen, straks ben je te moe en kun je geen bijl meer zwaaien; blijf nu hier bij me zitten."
Maar de jongen ging het bos in, at zijn brood op, werd zeer opgewekt en keek eens door de groene takken, of hij soms een nest zag. Zo liep hij op en neer, tot hij eindelijk een grote vervaarlijke eik zag die zeker al een paar eeuwen oud was en die geen vijf mensen omvatten konden. Hij bleef staan, keek hem aan en dacht: "Het moet toch zeker wel een boom zijn, waar veel nesten in zullen zitten." En opeens leek het hem of hij een stem hoorde. Hij luisterde en hoorde op een heel diepe toon roepen: "Laat me eruit, laat me eruit!" Hij keek om zich heen, maar kon niets ontdekken, en toch leek het of de stem van de grond kwam. Toen riep hij: "Wie is daar?" De stem antwoordde: "Ik zit onder de wortels van de eik; laat me eruit, laat me eruit!" Nu begon de leerling onder de boom de bladeren weg te ruimen en de wortels af te zoeken, tot hij eindelijk in een kleine holte een glazen fles ontdekte. Hij tilde hem op, hield hem tegen het licht, toen zag hij iets, dat op een kikker leek, erin op en neer springen. "Laat me eruit, laat me eruit!" klonk het weer, en de jongen die geen kwaad vermoedde, nam de stop eraf. Meteen steeg er een geest uit op en die werd groter en groter en groeide zo snel, dat hij in enkele ogenblikken als een ontzettende kerel, zo groot als de halve boom, voor hem stond. "Weet je," riep hij met een vervaarlijke stem, "wat je loon is, omdat je me eruit hebt gelaten?" - "Nee," zei de leerling zonder enige angst, "hoe zou ik dat weten?" - "Ik zal het je zeggen!" riep de geest, "ik zal je nek breken!" - "Dat had je eerder moeten zeggen," antwoordde de leerling, "dan had ik je kalm laten zitten; maar mijn hoofd zit nogal vast, daar zal je meer mannen voor nodig hebben." - "Meer mannen, meer mannen," riep de geest,,je verdiende loon zul je hebben. Denk je dat ik uit genade daar zolang in heb gezeten? Het was voor straf; ik ben de machtige Mercurius, en wie mij loslaat, moet ik de nek breken!" - "Rustig aan," zei de leerling, "zo gauw gaat dat niet, eerst moet ik weten of je dezelfde bent die in dat kleine flesje gezeten heeft en dat je het werkelijk bent. Kan je er ook weer in, dan zal ik het geloven, en dan kan je met me doen, wat je wilt." De geest zei opgeblazen: "Dat is een kleinigheid," en hij kroop in elkaar en maakte zich zo klein, als hij eerst was geweest, zodat hij door die zelfde opening en door de hals van de fles weer naar binnen kroop. Nauwelijks was hij erin of de jongen drukte er de stop weer op en wierp de fles onder de wortels van de eik op de oude plaats, en zo was de geest gefopt.
Nu wilde de leerling naar zijn vader teruggaan, maar de geest riep heel klagelijk: "Laat me er toch uit, ach, laat me er toch uit!" - "Neen," zei de jongen, "geen tweede keer, wie me eens naar 't leven gestaan heeft, die laat ik niet los, als ik hem weer in mijn macht heb." - "Als je mij vrij laat," zei de geest, "dan wil ik je zoveel geven, dat je je leven lang genoeg hebt." - "Nee," zei de leerling, "je zou me maar foppen net als de eerste maal." - "Je spot met je geluk," zei de geest, "ik zal je heus niets doen, integendeel, ik zal je rijkelijk belonen." De leerling dacht: "Ik zal 't erop wagen, misschien houdt hij woord, en kwaad zal hij mij toch niet doen!" Toen nam hij de stop van de fles, en de geest rees eruit omhoog als de eerste keer, strekte zich uit naar alle kanten en werd groot, zo groot als een reus. "En hier heb je je loon," zei hij en reikte de leerling een lapje, zo groot als een pleister en zei: "Als je met 't ene eind een wond bestrijkt, dan geneest die dadelijk, en als je met 't andere einde staal en ijzer bestrijkt, dan verandert dat in zilver." - "Dat moet ik eerst eens proberen," zei de jongen, en ging naar een boom, spleet de stam met zijn bijl en streek er met 't eind pleister overheen: meteen sloot de spleet zich en de stam was weer dicht. "Nu, dat is tenminste waar," zei hij tegen de geest, "nu kunnen we uiteen gaan." De geest dankte hem voor zijn bevrijding, de jongen bedankte de geest voor de goede gave, en hij ging naar zijn vader.
"Waar ben je nu al die tijd geweest?" zei de vader, "had je vergeten dat er werk is? Ik had het dadelijk al gezegd datje niets zou kunnen." - "Stel u gerust vader, ik zal 't inhalen." - "Ja, inhalen," zei de vader boos, "dat zal wel!" - "Let maar eens op, vader, die boom zal ik meteen omhakken, dat 't een gekraak zal geven!" Hij nam z'n pleister, bestreek er de bijl mee en hakte heel hard: maar daar het ijzer in zilver veranderd was, was de snede verbogen. "Kijk eens vader, wat een slechte bijl u me gegeven hebt; die is helemaal verbogen." De vader schrok: "Wat heb je nu gedaan!" zei hij. "Nu moet ik de bijl betalen en ik weet niet hoe: dat is nu het nut dat ik van je heb!" - "Word nu maar niet boos," zei de jongen, "die bijl zal ik wel betalen." - "O jij domkop," zei de vader, "hoe wou je die betalen? Je hebt niets dan wat ik je geef: je hebt studentenstreken in je kop, maar houthakken, dat kan je niet!"
Na een poosje zei de leerling: "Vader, nu kan ik toch niets meer doen, laten we er liever een vrije avond van maken." - "Och kom," zei hij, "dacht je dat ik m'n handen in mijn schoot zou leggen als jij? Ik moet werken, maar ga jij gerust naar huis." - "Vader ik ben hier voor 't eerst in het bos, ik weet de weg niet naar huis, ga toch met me mee." Omdat zijn boosheid gaandeweg zakte, liet de vader zich bepraten en ging met hem mee naar huis. Toen zei hij tegen de zoon: "Ga die bedorven bijl nu verkopen en let goed op, watje er voor krijgt. Het overige moet ik erbij verdienen om het buurman terug te betalen." De zoon nam de bijl en bracht hem naar de stad naar een goudsmid, die toetste hem, legde hem op de weegschaal en zei: "Die is vierhonderd daalders waard, en dat kan ik op 't ogenblik niet in baar geld betalen." De leerling zei: "Geef dan maar wat u op 't ogenblik hebt, de rest houd ik tegoed." De goudsmid gaf hem driehonderd daalders en bleef hem nog honderd daalders schuldig. Daarop ging de jongen weer naar huis en zei: "Vader, ik heb geld, gaat u nu aan buurman vragen, wat hij voor de bijl moet hebben." - "Dat weet ik al," zei de vader, "een daalder en zes stuivers." - "Geeft u hem dan twee daalder en twaalf stuivers, dat is het dubbele en 't is genoeg, kijkt u maar, ik heb geld in overvloed," en hij gaf zijn vader honderd daalders en zei nog: "U zult geen armoe meer hebben, leef verder naar uw genoegen." - "Mijn God," zei de oude, "hoe ben je tot zo'n rijkdom gekomen?" Toen vertelde hij hem wat er allemaal gebeurd was, en hoe hij, in 't vertrouwen op zijn geluk, zo'n rijke vangst had gedaan. Met de rest van 't geld ging hij weer naar de hoge school en leerde verder, en nu hij met zijn pleister alle wonden kon genezen, werd hij de beroemdste dokter van de hele wereld.