Era uma vez um pobre homem que tinha quatro filhos; quando já estavam crescidos, disse-lhes:
- Meus caros filhos, já é tempo de que cuideis de vossa vida; ide pois pelo mundo afora. Eu nada tenho para vos dar; portanto, viajai para algum país estrangeiro e aprendei um ofício que vos permita viver honestamente.
Os quatro irmãos despediram-se do pai, tomaram dos bordões e, juntos, saíram da cidade. Andaram algumas horas e chegaram a uma encruzilhada de onde partiam quatro estradas divergentes. Então, Pedro, que era o mais velho, disse aos irmãos:
- Agora 6 melhor separarmo-nos; cada qual irá para um lado tentar fortuna: daqui a quatro anos, no mesmo dia e na mesma hora de hoje, devemos nos encontrar neste mesmo lugar.
Cada qual seguiu por um caminho. O mais velho logo encontrou um homem, que lhe perguntou aonde ia e o que tencionava fazer.
Vou à procura de um ofício - respondeu o moço.
Pois bem, - disse o homem, - vem comigo e
aprenderás o ofício de ladrão.
- Não, não, - respondeu Pedro; - essa é uma profissão pouco honrada e, no fim da festa, acaba-se feito badalo de forca.
- Oh, - retorquiu o outro, - não deves temer a forca; eu te ensinarei, somente, como deves fazer para apropriar-te de objetos mais escondidos em lugares onde ninguém poderá ir no teu encalço.
Pedro deixou-se persuadir e, nessa escola, tomou-se logo tão hábil na arte de roubar, que nada mais estava em segurança desde que o desejasse.
O segundo, que se chamava João, também encontrou um homem no seu caminho, que lhe perguntou para onde ia e o que desejava aprender.
- Vou à procura de um ofício, mas ainda não sei qual.
- Então vem comigo e aprenderás a ser um bom astrônomo; não há coisa melhor; nada haverá de oculto para ti.
João aceitou e seguiu o mestre. Após algum tempo, tornou-se astrônomo perfeito e, quando apto a cuidar de si, quis continuar a viagem; o mestre fez-lhe presente de um telescópio, dizendo;
Com este aparelho poderás ver tudo o que ocorre na Terra e no Céu, e nada poderá ficar oculto de ti.
O terceiro irmão, chamado José, entrou como aprendiz em casa de um caçador, que tão bem lhe ensinou tudo o que se relacionava com a arte de caçar, que ele se tornou caçador perfeitamente adestrado e insuperável. Quando terminou o aprendizado, despediu-se do mestre e este presenteou-o com uma espingarda, dizendo:
- Esta espingarda nunca falha; com ela acertarás qualquer alvo.
Miguel, o mais moço dos quatro irmãos, por sua vez encontrou um homem que lhe fez as mesmas perguntas, e lhe sugeriu:
- Não gostarias de aprender o ofício de alfaiate?
- Não é do meu agrado, - respondeu o rapaz; - não me entusiasma a ideia de ficar o dia inteiro curvado com uma agulha na mão!
- Qual nada! - respondeu o homem; - isto é o que pensas; comigo aprenderás uma arte muito diversa. Uma arte digna e muito apreciada, mesmo honrosa!
O rapaz convenceu-se; seguiu o mestre e acabou por se tomar um alfaiate de primeira ordem e muito hábil. Findo o tempo de aprendizado, despediu-se e o mestre presenteou-o com uma agulha, dizendo:
- Com esta agulha, podes coser seja lá o que for; quer seja mole como um ovo ou duro como o aço, a emenda ficará tão perfeita que ninguém a poderá distinguir.
Entretanto, os quatro anos passaram e, no dia marcado, os quatro irmãos encontraram-se no lugar combinado. Cheios de alegria, abraçaram-se e beijaram-se, dirigindo-se depois para a casa do pai. Este ficou radiante ao tornar a vê-los:
- Que bom vento vos trouxe novamente à casa? - disse muito satisfeito.
Os filhos contaram-lhe, então, todas as peripécias ocorridas com eles e a espécie de ofício que tinham aprendido. Estavam justamente sentados à sombra de uma frondosa árvore que havia em frente da casa, e o pai, querendo certificar-se sobre o que diziam, propôs:
Desejo pôr à prova a vossa habilidade. Lá em cima, no topo da árvore, entre dois galhos, há um ninho de pintassilgos; dize-me, meu filho, - falou o pai dirigindo-se ao segundo, - podes dizer-me quantos ovos há dentro dele?
João, o astrônomo, pegou na luneta, dirigiu-a para a árvore e disse no fim de alguns segundos:
- Há cinco.
- Tu, - disse o pai ao mais velho, - vai retirar os ovos, mas sem incomodar o pássaro que lá está chocando.
O ladrão perito trepou pela árvore acima e, sem incomodar o pássaro, que nada percebeu, retirou os cinco ovos que estava chocando e trouxe-os para o pai, que os colocou sobre a mesa, um em cada ângulo e o quinto no centro. Dirigindo-se ao terceiro filho, disse:
- Quanto a ti, tens de os furar pelo meio, com um só tiro da tua espingarda.
O caçador apontou a espingarda e furou os ovos exatamente como lhe pedia o pai, acertando todos cinco com um só tiro. (Com certeza ele possuía aquela espécie de pólvora que dobra as esquinas!)
- Agora a tua vez, Miguel - disse o pai. - Com tua famosa agulha tens de coser as cascas dos ovos e os passarinhos que estão dentro de maneira que o tiro não os prejudique.
O alfaiate pegou a agulha e costurou tudo como exigia o pai. Quando terminou Pedro tornou a ir pôr os ovos no ninho tão de leve que o pássaro não se apercebeu e continuou a chocar; alguns dias depois os filhotes saíram da casca como se não tivessem sido furados, e tinham uma listrazinha vermelha em volta do pescoço, no lugar onde o alfaiate fizera a costura.
- Muito bem, - disse o pai, - só posso fazer os melhores elogios. Aproveitastes bem o vosso tempo, aprendendo com perfeição. Não sei a qual hei de dar o prêmio da destreza; veremos isso quando tiverdes oportunidade de empregar a vossa arte.
Algum tempo depois, o país estava todo em alvoroço, porque a filha do rei tinha sido roubada por um dragão. O rei, tremendamente aflito, mandou anunciar que aquele que a trouxesse de volta, casaria com ela e, mais tarde, herdaria o trono.
- Eis uma ótima ocasião para nos distinguirmos, - disseram os quatro irmãos; - procuremos juntos salvar a princesa.
- Vou saber já onde ela se encontra, - disse o astrônomo.
Foi buscar a luneta e, olhando cm todos os sentidos, disse:
- Estou vendo-a; está sentada sobre um rochedo, no meio do mar, distante daqui muitas léguas; o terrível dragão está montando guarda junto dela.
Apresentaram-se ao rei e pediram-lhe um navio; assim que o obtiveram, puseram-se a navegar em direção ao rochedo. A princesa continuava lá sentada e o terrível animal, deitado ao lodo dela, dormia com a cabeça no seu regaço. O caçador disse:
- Nessa posição em que se encontra, não posso atirar, pois mataria também a princesa.
- Deixe isto por minha conta, - disse o perito ladrão.
Saltou para terra, esgueirou-se sorrateiramente e retirou a princesa, tão habilmente e com tanta destreza, que o monstro não se apercebeu e continuou roncando.
Radiantes de alegria, carregaram-na correndo para bordo e, soltando todas as velas, fizeram-se ao largo.
Mas o dragão, despertando pouco depois e não vendo mais a princesa, saiu a persegui-los, rugindo furiosamente pelo espaço. Quando já pairava por cima do navio e ia precipitar-se sobre os fugitivos, o caçador apontou-lhe a espingarda e atingiu-o em pleno coração. O monstro despencou, fragorosamente, sem vida; mas era tão colossal, que ao cair despedaçou completamente o navio.
Felizmente, eles conseguiram agarrar-se a algumas tábuas e ficaram flutuando no vasto mar. Contudo, o perigo era imenso, mas o alfaiate, sem perder tempo, pegou a agulha prodigiosa e, num abrir e fechar de olhos, coseu solidamente os destroços do navio, recolheu nele toda a ferragem, cosendo-a muito bem nos respectivos lugares. Executou o trabalho com tanta habilidade que, em breve, o navio ficou em condições de navegar e assim puderam voltar para casa.
Ao ver a querida filha, o rei ficou transportado de alegria e disse aos quatro irmãos:
- Cumprirei a promessa. Um dos quatro a receberá por esposa, mas, qual será, deveis decidi-los entre vós.
Então rebentou entre eles tremendo litígio, porque cada qual tinha as suas pretensões. O astrônomo dizia:
- Se eu não tivesse descoberto com a minha luneta onde se encontrava a princesa, todas as vossas artes teriam sido vãs; portanto sou eu que a devo desposar.
- De que serviria saber onde ela estava, - protestou o ladrão, - se eu não a tivesse subtraído ao dragão? Portanto, ela é minha.
O caçador, por sua vez, dizia:
- Qual nada; o monstro teria devorado vós todos e mais a princesa, se o tiro de minha espingarda não o tivesse matado; por conseguinte ela pertence-me.
- E se eu, com a minha agulha prodigiosa, não tivesse recomposto o navio, teríeis todos perecido afogados; portanto, ela tem ser minha.
A discussão já ia longe, quando o rei interveio.
- Na verdade, todos têm igual direito à mão de minha filha e, como ela não poderá casar com os quatro, nenhum a terá. Em compensação cedo-vos a metade do meu reino para que o partilheis entre vós.
Essa decisão agradou plenamente os irmãos, que exclamaram:
- E' bem melhor assim antes que vivermos em desarmonia.
Assim, cada qual instalou-se nos seus ricos domínios, vivendo muito felizes. O pai ia, alternadamente, passar três meses em companhia de cada um dos filhos, ficando todos satisfeitos, enquanto o bom Deus o permitiu.
- Meus caros filhos, já é tempo de que cuideis de vossa vida; ide pois pelo mundo afora. Eu nada tenho para vos dar; portanto, viajai para algum país estrangeiro e aprendei um ofício que vos permita viver honestamente.
Os quatro irmãos despediram-se do pai, tomaram dos bordões e, juntos, saíram da cidade. Andaram algumas horas e chegaram a uma encruzilhada de onde partiam quatro estradas divergentes. Então, Pedro, que era o mais velho, disse aos irmãos:
- Agora 6 melhor separarmo-nos; cada qual irá para um lado tentar fortuna: daqui a quatro anos, no mesmo dia e na mesma hora de hoje, devemos nos encontrar neste mesmo lugar.
Cada qual seguiu por um caminho. O mais velho logo encontrou um homem, que lhe perguntou aonde ia e o que tencionava fazer.
Vou à procura de um ofício - respondeu o moço.
Pois bem, - disse o homem, - vem comigo e
aprenderás o ofício de ladrão.
- Não, não, - respondeu Pedro; - essa é uma profissão pouco honrada e, no fim da festa, acaba-se feito badalo de forca.
- Oh, - retorquiu o outro, - não deves temer a forca; eu te ensinarei, somente, como deves fazer para apropriar-te de objetos mais escondidos em lugares onde ninguém poderá ir no teu encalço.
Pedro deixou-se persuadir e, nessa escola, tomou-se logo tão hábil na arte de roubar, que nada mais estava em segurança desde que o desejasse.
O segundo, que se chamava João, também encontrou um homem no seu caminho, que lhe perguntou para onde ia e o que desejava aprender.
- Vou à procura de um ofício, mas ainda não sei qual.
- Então vem comigo e aprenderás a ser um bom astrônomo; não há coisa melhor; nada haverá de oculto para ti.
João aceitou e seguiu o mestre. Após algum tempo, tornou-se astrônomo perfeito e, quando apto a cuidar de si, quis continuar a viagem; o mestre fez-lhe presente de um telescópio, dizendo;
Com este aparelho poderás ver tudo o que ocorre na Terra e no Céu, e nada poderá ficar oculto de ti.
O terceiro irmão, chamado José, entrou como aprendiz em casa de um caçador, que tão bem lhe ensinou tudo o que se relacionava com a arte de caçar, que ele se tornou caçador perfeitamente adestrado e insuperável. Quando terminou o aprendizado, despediu-se do mestre e este presenteou-o com uma espingarda, dizendo:
- Esta espingarda nunca falha; com ela acertarás qualquer alvo.
Miguel, o mais moço dos quatro irmãos, por sua vez encontrou um homem que lhe fez as mesmas perguntas, e lhe sugeriu:
- Não gostarias de aprender o ofício de alfaiate?
- Não é do meu agrado, - respondeu o rapaz; - não me entusiasma a ideia de ficar o dia inteiro curvado com uma agulha na mão!
- Qual nada! - respondeu o homem; - isto é o que pensas; comigo aprenderás uma arte muito diversa. Uma arte digna e muito apreciada, mesmo honrosa!
O rapaz convenceu-se; seguiu o mestre e acabou por se tomar um alfaiate de primeira ordem e muito hábil. Findo o tempo de aprendizado, despediu-se e o mestre presenteou-o com uma agulha, dizendo:
- Com esta agulha, podes coser seja lá o que for; quer seja mole como um ovo ou duro como o aço, a emenda ficará tão perfeita que ninguém a poderá distinguir.
Entretanto, os quatro anos passaram e, no dia marcado, os quatro irmãos encontraram-se no lugar combinado. Cheios de alegria, abraçaram-se e beijaram-se, dirigindo-se depois para a casa do pai. Este ficou radiante ao tornar a vê-los:
- Que bom vento vos trouxe novamente à casa? - disse muito satisfeito.
Os filhos contaram-lhe, então, todas as peripécias ocorridas com eles e a espécie de ofício que tinham aprendido. Estavam justamente sentados à sombra de uma frondosa árvore que havia em frente da casa, e o pai, querendo certificar-se sobre o que diziam, propôs:
Desejo pôr à prova a vossa habilidade. Lá em cima, no topo da árvore, entre dois galhos, há um ninho de pintassilgos; dize-me, meu filho, - falou o pai dirigindo-se ao segundo, - podes dizer-me quantos ovos há dentro dele?
João, o astrônomo, pegou na luneta, dirigiu-a para a árvore e disse no fim de alguns segundos:
- Há cinco.
- Tu, - disse o pai ao mais velho, - vai retirar os ovos, mas sem incomodar o pássaro que lá está chocando.
O ladrão perito trepou pela árvore acima e, sem incomodar o pássaro, que nada percebeu, retirou os cinco ovos que estava chocando e trouxe-os para o pai, que os colocou sobre a mesa, um em cada ângulo e o quinto no centro. Dirigindo-se ao terceiro filho, disse:
- Quanto a ti, tens de os furar pelo meio, com um só tiro da tua espingarda.
O caçador apontou a espingarda e furou os ovos exatamente como lhe pedia o pai, acertando todos cinco com um só tiro. (Com certeza ele possuía aquela espécie de pólvora que dobra as esquinas!)
- Agora a tua vez, Miguel - disse o pai. - Com tua famosa agulha tens de coser as cascas dos ovos e os passarinhos que estão dentro de maneira que o tiro não os prejudique.
O alfaiate pegou a agulha e costurou tudo como exigia o pai. Quando terminou Pedro tornou a ir pôr os ovos no ninho tão de leve que o pássaro não se apercebeu e continuou a chocar; alguns dias depois os filhotes saíram da casca como se não tivessem sido furados, e tinham uma listrazinha vermelha em volta do pescoço, no lugar onde o alfaiate fizera a costura.
- Muito bem, - disse o pai, - só posso fazer os melhores elogios. Aproveitastes bem o vosso tempo, aprendendo com perfeição. Não sei a qual hei de dar o prêmio da destreza; veremos isso quando tiverdes oportunidade de empregar a vossa arte.
Algum tempo depois, o país estava todo em alvoroço, porque a filha do rei tinha sido roubada por um dragão. O rei, tremendamente aflito, mandou anunciar que aquele que a trouxesse de volta, casaria com ela e, mais tarde, herdaria o trono.
- Eis uma ótima ocasião para nos distinguirmos, - disseram os quatro irmãos; - procuremos juntos salvar a princesa.
- Vou saber já onde ela se encontra, - disse o astrônomo.
Foi buscar a luneta e, olhando cm todos os sentidos, disse:
- Estou vendo-a; está sentada sobre um rochedo, no meio do mar, distante daqui muitas léguas; o terrível dragão está montando guarda junto dela.
Apresentaram-se ao rei e pediram-lhe um navio; assim que o obtiveram, puseram-se a navegar em direção ao rochedo. A princesa continuava lá sentada e o terrível animal, deitado ao lodo dela, dormia com a cabeça no seu regaço. O caçador disse:
- Nessa posição em que se encontra, não posso atirar, pois mataria também a princesa.
- Deixe isto por minha conta, - disse o perito ladrão.
Saltou para terra, esgueirou-se sorrateiramente e retirou a princesa, tão habilmente e com tanta destreza, que o monstro não se apercebeu e continuou roncando.
Radiantes de alegria, carregaram-na correndo para bordo e, soltando todas as velas, fizeram-se ao largo.
Mas o dragão, despertando pouco depois e não vendo mais a princesa, saiu a persegui-los, rugindo furiosamente pelo espaço. Quando já pairava por cima do navio e ia precipitar-se sobre os fugitivos, o caçador apontou-lhe a espingarda e atingiu-o em pleno coração. O monstro despencou, fragorosamente, sem vida; mas era tão colossal, que ao cair despedaçou completamente o navio.
Felizmente, eles conseguiram agarrar-se a algumas tábuas e ficaram flutuando no vasto mar. Contudo, o perigo era imenso, mas o alfaiate, sem perder tempo, pegou a agulha prodigiosa e, num abrir e fechar de olhos, coseu solidamente os destroços do navio, recolheu nele toda a ferragem, cosendo-a muito bem nos respectivos lugares. Executou o trabalho com tanta habilidade que, em breve, o navio ficou em condições de navegar e assim puderam voltar para casa.
Ao ver a querida filha, o rei ficou transportado de alegria e disse aos quatro irmãos:
- Cumprirei a promessa. Um dos quatro a receberá por esposa, mas, qual será, deveis decidi-los entre vós.
Então rebentou entre eles tremendo litígio, porque cada qual tinha as suas pretensões. O astrônomo dizia:
- Se eu não tivesse descoberto com a minha luneta onde se encontrava a princesa, todas as vossas artes teriam sido vãs; portanto sou eu que a devo desposar.
- De que serviria saber onde ela estava, - protestou o ladrão, - se eu não a tivesse subtraído ao dragão? Portanto, ela é minha.
O caçador, por sua vez, dizia:
- Qual nada; o monstro teria devorado vós todos e mais a princesa, se o tiro de minha espingarda não o tivesse matado; por conseguinte ela pertence-me.
- E se eu, com a minha agulha prodigiosa, não tivesse recomposto o navio, teríeis todos perecido afogados; portanto, ela tem ser minha.
A discussão já ia longe, quando o rei interveio.
- Na verdade, todos têm igual direito à mão de minha filha e, como ela não poderá casar com os quatro, nenhum a terá. Em compensação cedo-vos a metade do meu reino para que o partilheis entre vós.
Essa decisão agradou plenamente os irmãos, que exclamaram:
- E' bem melhor assim antes que vivermos em desarmonia.
Assim, cada qual instalou-se nos seus ricos domínios, vivendo muito felizes. O pai ia, alternadamente, passar três meses em companhia de cada um dos filhos, ficando todos satisfeitos, enquanto o bom Deus o permitiu.
Er was eens een arme man, en die had vier zoons, en toen die volwassen waren, zei hij tegen hen: "Lieve kinderen, jullie moeten nu de wereld in; en ik heb niets dat ik je zou kunnen meegeven; ga nu maar allemaal op reis, leer een handwerk en zie hoe je je door 't leven slaat." Nu grepen de vier gebroeders elk de wandelstok, namen afscheid van hun vader, en trokken alle vier de poort uit. Toen ze een poos hadden gereisd kwamen ze aan een kruispunt, waarvan de wegen naar vier windstreken leidden. Toen zei de oudste: "Hier moeten we uit elkaar; maar vandaag over vier jaar zullen we op deze plek weer samenkomen en in die tussentijd ons geluk proberen."
Nu ging ieder zijn eigen weg. De oudste ontmoette een man, en die vroeg hem waar hij heen wou en wat hij doen ging. "Ik wou een handwerk leren," zei hij. Toen sprak de ander: "Ga mee en word een dief." - "Neen," antwoordde hij, "stelen is geen eerlijke broodwinning, en 't eind van 't lied is toch dat je klepel wordt van zekere klok die buiten in 't veld staat." - "O," zei de man, "voor de galg hoef je niet bang te wezen; ik wil je alleen maar leren hoe je iets halen kunt, waar anders niet aan te komen is, en waar nooit iemand achter kan komen." Toen liet hij zich overhalen; en hij werd bij die man een volleerde dief, en hij werd zo handig, dat niets voor hem veilig was, waar hij eenmaal zijn zinnen op had gezet. De tweede broer kwam ook iemand tegen die hem vroeg wat hij leren wou. "Dat weet ik nog niet," zei hij. "Ga dan met me mee en word sterrekijker, er is geen beter vak; niets blijft voor je verborgen." Daar stemde hij mee in, en hij werd zo'n gewiekste sterrekijker, dat z'n meester, toen hij volleerd was en verder wou reizen, hem een verrekijker gaf en tegen hem zei: "Hiermee kun je zien wat er op aarde en in de hemel gebeurt, niets blijft geheim voor je." De derde broer kwam in de leer bij een jager, en hij kreeg in alles wat met jacht te maken had, zulke goede lessen, dat hij een volleerd jager werd. Na zijn leerjaren gaf de meester hem ten afscheid een buks en zei: "Die mist nooit; wat je daarmee op de korrel neemt, dat tref je vast en zeker."
De jongste broer ontmoette ook iemand die hem aansprak en vroeg wat zijn plannen waren. "Heb je geen zin, kleermaker te worden?" - "Nou," zei de jongen, "dat gebukte zitten, van de vroege morgen tot de late avond, dat heen en weer gepriegel met een naald en het strijkijzer – nee, dat alles trekt me niet aan." - "Och kom!" zei de man, "je praat naar dat je wijs bent, bij mij gaat 't kleermaken heel anders; daar gaat het keurig en netjes en zelfs heel eervol, soms." Toen liet hij zich overhalen, ging mee, en leerde grondig wat die man kende. En toen hij wegging, gaf de baas hem een naald, en sprak: "Daarmee kun je alles vastnaaien wat je maar in de zin komt, of 't zacht is als een ei of hard als staal; en 't wordt één geheel, en is nooit meer van elkaar te krijgen."
Nu waren de afgesproken vier jaar om, de broers kwamen alle vier tegelijkertijd bij het kruispunt aan, begroetten elkaar hartelijk en gingen samen weer naar huis, naar hun vader. "Wel," zei deze, heel gelukkig, "heeft de wind jullie weer hierheen gewaaid?" Ze vertelden hoe het hun was vergaan, en dat ieder iets had geleerd. Ze zaten allemaal voor het huis, onder een grote boom, en de vader zei: "Nu zal ik jullie allemaal op de proef stellen, en zien watje nu eigenlijk geleerd hebt." En hij keek omhoog en zei tegen de tweede zoon: "Boven in de top van deze boom zit tussen twee takken een nest van een distelvink. Zeg jij nu eens, hoeveel eieren erin liggen?" De sterreman nam z'n verrekijker, keek naar boven en sprak: "Het zijn er vijf." De vader zei tegen de oudste: "Haal jij nu de eieren eruit, zonder dat de vogel die erop zit te broeden, gestoord wordt." De uitgeslepen dief klom naar boven en nam van het vogeltje dat nergens iets van merkte en stil bleef zitten, alle vijf de eitjes onder hem weg, en bracht ze naar beneden, naar zijn vader. De vader nam de eitjes, legde op elke hoek van de tafel er één en eentje in 't midden en zei tegen de jager: "Schiet jij nu in één schot alle vijf eieren middendoor." De jager legde z'n buks aan en mikte op de eitjes zoals zijn vader het had gevraagd, alle vijf, en in één schot. Hij had zeker van dat kruit, waarmee je om een hoek kunt schieten. "Nu is de beurt aan jou," zei de vader tegen de vierde zoon, "nu moet jij de eitjes weer aan elkaar naaien en de jonkies die erin zitten ook, en wel zo, dat het schot hen niet deert." De kleermaker haalde z'n naald en naaide juist als zijn vader het had opgegeven. Toen dat klaar was, moest de dief de eitjes weer naar 't nest boven in de boom brengen en ze weer onder de vogel terug leggen zonder dat het beestje er iets van merkte. Het diertje broedde ze helemaal uit; na een paar dagen kropen de jonkies uit het ei, en daar waar de kleermaker ze had genaaid, was er alleen een klein rood streepje aan hun hals. "Ja," zei de oude man tot zijn zoons, "ik moet jullie boven alles prijzen, je hebt je tijd goed besteed en een rechtschapen handwerk geleerd; en ik kan niet zeggen wie van jullie de beste is. Als jullie nu weldra de gelegenheid hebben om jullie kunsten eens te gebruiken, dan komt dat misschien ook aan het licht."
Korte tijd later kwam er een jobstijding over 't land: de prinses was door een draak geschaakt. De koning was dag en nacht bedroefd en hij liet afkondigen: degene die haar terugbracht, die kreeg haar tot vrouw. Nu zeiden de vier broers tegen elkaar: "Dat zou wel eens een gelegenheid kunnen zijn om te tonen wat we kunnen," en ze besloten er samen op uit te trekken om de prinses te bevrijden. "Waar ze heen is, zal ik gauw kunnen zien," zei de sterrekijker, en hij keek in z'n instrument en zei: "Daar zie ik haar al, ze zit ver van hier op een rots, in de zee en naast haar zit de draak om haar te bewaken." Nu ging hij naar de koning, vroeg hem een schip voor zich en zijn broers, en voer met hen over zee, tot ze bij de rots kwamen. Daar zat de prinses, maar de draak lag met zijn kop op haar schoot te slapen. Nu zei de jager: "Ik kan niet schieten, want dan zou ik haar tegelijk raken." - "Dan is het wat voor mij," zei de dief, sloop erheen en stal haar weg onder de draak vandaan, zo voorzichtig en handig, dat 't ondier niets merkte, maar door bleef snurken. Verheugd snelden ze met haar naar het schip, en stuurden het de open zee in; maar de draak, die bij z'n ontwaken de prinses gemist had, kwam hen achterna en snoof verwoed door de lucht. Toen hij juist boven het schip vloog, legde de jager aan en schoot hem midden in het hart. Het ondier stortte dood neer. Maar hij was zo groot dat hij in zijn val het hele schip verbrijzelde. Ze visten gelukkig nog een paar planken op en zwommen zo op zee rond. De nood was hoog gestegen, maar de kleermaker, ook slim, nam z'n wondernaald, naaide de planken met grote steken vlug aan elkaar, ging erop zitten en viste alle brokstukken van het schip op. Ook die naaide hij zo handig aan elkaar, dat in korte tijd het hele schip weer zeilwaardig was en ze een zegetocht naar huis meemaakten.
Toen de koning zijn dochter weer zag, was er feest. Hij zei tegen de vier broers: "Eén van jullie kan maar met haar trouwen, maar wie het zijn zal, moeten jullie zelf maar uitmaken." Nu ontstond er onder hen een hevige ruzie, want elk van hen maakte er aanspraak op. De sterreman zei: "Als ik haar niet gezien had, was al jullie kunst vergeefs geweest: daarom is zij de mijne." De dief zei: "Wat gaf dat zien, als ik haar niet onder de draak vandaan had gehaald: daarom is zij de mijne." De jager zei: "Jullie zouden toch allemaal verscheurd zijn, als mijn kogel de draak niet had getroffen: zij is dus de mijne." En de kleermaker zei: "En als ik het schip niet met zoveel kunst aan elkaar had genaaid, dan waren jullie allemaal jammerlijk verdronken; daarom is zij de mijne." Toen deed de koning deze uitspraak: "ieder van u heeft evenveel recht, en daar niet ieder het meisje kan krijgen, geef ik haar aan geen van allen. Maar tot beloning geef ik u allen een kwart koninkrijk." Dat was een beslissing die bij alle broers in de smaak viel, en ze zeiden: "Het is beter zo, dan dat we gingen kibbelen." En toen kreeg elk van hen een kwart koninkrijk, en ze leefden met hun vader in geluk en vrede, zolang als het God behaagde.
Toen de koning zijn dochter weer zag, was er feest. Hij zei tegen de vier broers: "Eén van jullie kan maar met haar trouwen, maar wie het zijn zal, moeten jullie zelf maar uitmaken." Nu ontstond er onder hen een hevige ruzie, want elk van hen maakte er aanspraak op. De sterreman zei: "Als ik haar niet gezien had, was al jullie kunst vergeefs geweest: daarom is zij de mijne." De dief zei: "Wat gaf dat zien, als ik haar niet onder de draak vandaan had gehaald: daarom is zij de mijne." De jager zei: "Jullie zouden toch allemaal verscheurd zijn, als mijn kogel de draak niet had getroffen: zij is dus de mijne." En de kleermaker zei: "En als ik het schip niet met zoveel kunst aan elkaar had genaaid, dan waren jullie allemaal jammerlijk verdronken; daarom is zij de mijne." Toen deed de koning deze uitspraak: "ieder van u heeft evenveel recht, en daar niet ieder het meisje kan krijgen, geef ik haar aan geen van allen. Maar tot beloning geef ik u allen een kwart koninkrijk." Dat was een beslissing die bij alle broers in de smaak viel, en ze zeiden: "Het is beter zo, dan dat we gingen kibbelen." En toen kreeg elk van hen een kwart koninkrijk, en ze leefden met hun vader in geluk en vrede, zolang als het God behaagde.